A Mosca Azul

A Mosca Azul

Certo dia uma mosca apareceu voando na varandinha do meu quarto, estavam na varanda meu amigo Budz e eu, tocávamos idéias quando de repente, fomos surpreendidos por uma mosca azul brilhante, logo depois de comentarmos a surpresa, Budz ergueu uma sandalha de borracha e acertou a mosca enquanto ela estava em pleno vôo, o impacto da sandalha foi o suficiente para retirar a vida daquele ágil inseto, inseto qual havíamos afirmado nosso repúdio em comentários anteriores à contemplação do brilhante cadáver azul.

Este dia se passou com a lembrança do velório feito pelas formigas, as mesmas que carregaram o cadáver do local do sacrifício até o local do seu sepulcro. No dia seguinte, estava lá no mesmo horário uma mosca azul sobrevoando a varandinha e quando o crepúsculo expandia-se pelo céu, surpreendi-me com a cena das formigas sepultando novamente um idêntico cadáver brilhante azul e me perdi em devaneios pentecostais, no dia seguinte, tudo repetiu-se novamente e mais uma vez surpreendi-me com a cena repetida sepulcro feito pelas formigas, daí então lembrei-me que as moscas vivem apenas vinte e quatro horas, e que nunca aparecera duas moscas ou mais, mas sim, apenas uma mosca sempre, então recordei-me da musica de Raul Seixas que fala sobre a mosca e pensei: era a mesma mosca, a mosca sabia do seu sepulcro e todos os dias ela nascia e sepultava-se no mesmo local, é como se a mosca tive-se a chave dos mistérios da cruz de Ank ( a cruz das reencarnações ), ou como se a mosca conhece-se o segredo de pentecostes e tivesse acesso as suas encarnações até sua acensão celestial antes de tornar-se um ser terreno ou terrestre, fazendo-se assim um ser eterno de forma concreta. Será que era este o mistério que Raul sondava com sua musica da mosca?

( By Luis Kikito )